Má qualidade do ensino, burocracia e alta carga tributária atrasam o país
Fernanda Godoy
NOVA YORK. A boa notícia é que o Brasil avançou cinco posições, e está em 56º lugar no ranking mundial de países que melhor utilizam as tecnologias de informação e comunicação para seu desenvolvimento, segundo relatório divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial.
A má notícia é que o Brasil tem enormes fragilidades, como a má qualidade do ensino, os altos impostos, o excesso de burocracia; e que falta uma estratégia para avançar numa área vital para a competitividade e o crescimento do país, segundo o documento.
A má notícia é que o Brasil tem enormes fragilidades, como a má qualidade do ensino, os altos impostos, o excesso de burocracia; e que falta uma estratégia para avançar numa área vital para a competitividade e o crescimento do país, segundo o documento.
- O Brasil não está indo a lugar nenhum em termos de tecnologia, e tem muito a fazer para entrar na era do conhecimento - disse Soumitra Dutta, editor do relatório e professor de administração e tecnologia da Insead, na França.
Este é o décimo relatório mundial do Fórum sobre tecnologia da informação, e os países nórdicos continuam na liderança, com a Suécia em primeiro lugar entre as 138 nações que representam 98,8% da riqueza mundial.
Países asiáticos, como Cingapura (2º lugar), Taiwan (6º) e Coreia do Sul (10º), estão em constante ascensão, e a China subiu para a 36ª posição. Os Estados Unidos se mantiveram em 5º lugar.
Países asiáticos, como Cingapura (2º lugar), Taiwan (6º) e Coreia do Sul (10º), estão em constante ascensão, e a China subiu para a 36ª posição. Os Estados Unidos se mantiveram em 5º lugar.
País não tem grande empresa de tecnologia
No grupo Bric, o Brasil está à frente só da Rússia (77º) , e perde também para a Índia (48º). Soumitra Dutta, que é indiano, reconhece que o tamanho do país importa, e que é mais fácil implementar mudanças em países menores.
No grupo Bric, o Brasil está à frente só da Rússia (77º) , e perde também para a Índia (48º). Soumitra Dutta, que é indiano, reconhece que o tamanho do país importa, e que é mais fácil implementar mudanças em países menores.
- Mas economias grandes, como a China, estão conseguindo progressos rápidos. O Brasil vai bem em algumas áreas, como exportação de commodities, e tem uma indústria de ponta, como a Embraer, mas é inacreditável que o país não tenha nenhuma grande empresa de tecnologia da informação - diz Dutta.
O índice NRI (Networked Readiness Index, ou índice de preparação para a rede), composto de 71 indicadores econômicos e sociais, mede o grau de preparo do país para o mundo conectado via internet em três planos: individual, empresarial e governamental.
Os piores desempenhos do Brasil são no ambiente de negócios e na preparação individual, especialmente em EDUCAÇÃO. Se o único indicador levado em conta fosse o nível da EDUCAÇÃO, o Brasil estaria em 102º lugar e, se dependesse apenas da qualidade do ensino de matemática e ciência, o país cairia para a 125ª posição.
Alan Marcus, diretor de tecnologia do Fórum Econômico Mundial, cita o Brasil como um mau exemplo quanto às tarifas de telefonia celular, que estão entre as mais altas do mundo.
- À medida que a tecnologia da informação cresceu, muitos governos viram oportunidades para ganhar dinheiro. Olhando para o futuro, o Brasil pode ter que mudar isso - disse.
Outros indicadores em que o Brasil vai mal são o peso da regulação governamental (138º no ranking), a carga tributária (138º), a burocracia, traduzida em número de dias necessários para se abrir um negócio (134º) e o preço da tarifa de telefonia celular (126º).
Argentina, Venezuela e Bolívia entre os piores na AL
O relatório destaca, no entanto, o uso extensivo da tecnologia da informação por empresas e pelo governo no Brasil nas suas transações e serviços, e considera os serviços eletrônicos de governo satisfatórios. Também marcam pontos no ranking a sofisticação do sistema financeiro (14º) e o impacto da tecnologia da informação em novos serviços e produtos (24º).
O relatório destaca, no entanto, o uso extensivo da tecnologia da informação por empresas e pelo governo no Brasil nas suas transações e serviços, e considera os serviços eletrônicos de governo satisfatórios. Também marcam pontos no ranking a sofisticação do sistema financeiro (14º) e o impacto da tecnologia da informação em novos serviços e produtos (24º).
Junto com o relatório, o Fórum Econômico Mundial lançou também uma plataforma na internet para o intercâmbio de experiências e informações sobre o tema. Na América Latina, o Fórum considera bem-sucedidos o Chile, o Uruguai e a Costa Rica. Já Argentina (96ª no ranking), Venezuela (119ª) e Bolívia (135ª) estão entre os piores.
Fonte: O Globo (RJ)
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