sexta-feira, 29 de outubro de 2010

SP: lousa eletrônica traz a web para a sala de aula

O estudante costuma passar um turno vidrado na tela do computador. Ali, pesquisa um assunto na internet, baixa um vídeo, compartilha fotos com os amigos. Durante horas, ele recebe simultaneamente mais estímulos do que o seu cérebro pode calcular. No turno inverso, o estudante deseja que a sua realidade diária se torne ficção: como se concentrar no que lhe é ensinado quando tudo que lhe expõem é uma palestra em frente a um quadro-negro?
Tortura para os jovens e desafio para os docentes, prender a atenção na sala de aula não tem sido fácil desde o boom da internet. Porém, uma ferramenta chegou para deixar o ensino mais surpreendente e estimulante: a lousa digital. De diversas marcas e modelos, ela pode ser utilizada de inúmeras formas, como na apresentação de vídeos e para acessar a web. Pode-se ainda escrever na tela com um lápis eletrônico, cujos movimentos podem ser gravados e assistidos novamente.
A tecnologia também permite socializar conteúdos entre professores e alunos, o que viabiliza um trabalho mais cooperativo. Se antes a internet era vista como vilã, muitas vezes culpada por facilitar a cópia dos trabalhos escolares, agora os alunos têm a chance de trazê-la para a sala de aula sem culpa. Eles podem levar exemplos para os temas tratados na disciplina e apresentá-los para os colegas publicamente. Assim, a abstração por falta de recurso dá vez a uma classe interativa e multimídia. "Você pode trazer para uma aula sobre regiões do Brasil imagens de diversos lugares do País em segundos", exemplifica o secretário de Educação de Taboão da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo, José Marcos dos Santos. "O aluno não apenas imagina, agora ele pode realmente ver o conteúdo."
Desde maio, a vida acadêmica de Taboão da Serra, que tem 240 mil habitantes, foi sacudida pela chegada das lousas. Até setembro, toda a rede pública de ensino recebeu 24 delas, uma para cada escola. De acordo com o secretário, pais e alunos estão vendo a ferramenta com muito entusiasmo. Ainda é cedo para medir resultados, porém as expectativas para o recurso já estão traçadas. "É uma ferramenta de trabalho inovadora e motivante, se for usada da maneira correta", afirma Santos, que também estima que 20 mil alunos de Ensino Fundamental da cidade possam utilizar a mídia. O dinamismo da lousa ainda poupa tempo, já que a aula pode ser gravadas e os estudantes também têm a possibilidade de revê-la para revisar os conteúdos. Se por acaso um colega não pôde comparecer à escola naquele dia, este também pode assistir ao material de casa.
Durante a vinda da tecnologia, os colégios públicos de Taboão da Serra tiveram que fazer alguns ajustes para receber a ferramenta. Um exemplo foi a criação de rampas (já que ela foi colocada em uma estrutura móvel para atender a todas as salas) e outro foi o reforço de algumas paredes para pendurar a tela sem se correr a chance de a ferramenta cair no chão.
Entretanto, adaptações mais complexas têm sido realizadas no ambiente escolar. As infinitas possibilidades da lousa mexem na dinâmica com que professores estão familiarizados desde que iniciaram a carreira. "A adaptação é um processo, mas a primeira etapa a vencer é o medo", admite. De acordo com o secretário, alguns profissionais acreditam que correm o risco de perder o emprego para a lousa. "O objetivo é potencializar o ensino e não, substituir professores". Mesmo com a eficácia da tecnologia, sempre haverá lugar para um bom mestre. 

Redação Terra

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