segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ensino de música é estimulado de maneira virtual

Programa e-Som utiliza o computador para ensinar conceitos e introduzir a consciência musical em alunos da rede pública

Fonte: Brasil Econômico (SP)

Para ensinar música a jovens e crianças é preciso ter disponíveis flauta, violão ou qualquer outro instrumento musical, certo? Nem sempre. Na Escola Municipal Professor Luiz Pântano, localizada em Itatiba, na região metropolitana de Campinas, por exemplo, o ensino de música é feito pelo computador.


É nele que os alunos têm contato com a diversidade musical aprendem de clássicos do rock ao mundo sertanejo que até então não fazia parte de sua realidade. E tudo é possível graças a um projeto chamado e-Som, que propõe uma nova abordagem para estimular o interesse dos jovens pela música.


O programa, desenvolvido pela empresa Quanta Brasil, reúne softwares com licenças gratuitas, que possibilitam produção e edição musical. Ele usa ainda ferramentas como as redes sociais e um portal com acesso diferenciado para professores e alunos. Temos uma turma de 20 jovens que têm 2 horas de aula por semana.


O interesse está tão grande que já existe uma lista de espera , afirma a diretora da escola Professor Luiz Pântano, Elianete Golfieri, onde funciona o projeto-piloto do e-Som. Segundo ela, os alunos estão respondendo aos estímulos e a maioria está se interessando por ouvir novos gêneros musicais e até por aprender a tocar instrumentos. Rafaela Monteiro, de 12 anos, é uma delas.


Ela conta que as aulas estimularam a vontade de aprender a tocar teclado e contribuíram para o aumento de seu repertório musical, que se resumia a música gospel. Não escutava nunca Música Popular Brasileira (MPB) e agora estou gostando. Também descobri mais sobre o sertanejo e rock , diz.


Processo educacional

 
As aulas podem ser ministradas no laboratório de informática da escola e cada aluno recebe no início do curso apostila e CD room, para instalação do programa em casa. A primeira coleção de apostilas é destinada aos alunos de 12 à 15 anos. A maior carência [de Educação musical] está nessa essa faixa etária , afirma Jobert Gaigher, coordenador do projeto.

Durante as aulas, os alunos podem criar sons e músicas a serem compartilhadas em uma rede social exclusiva na qual é possível acessar perfis, inserir conteúdos variados e trocar experiências. A questão motivacional foi muito pensada na elaboração do projeto.


O método utiliza uma ferramenta contemporânea, o computador, que desperta o interesse dos jovens , afirma Gaigher. A professora Liane Hentschke, vice-presidente do International Music Council ( IMC), órgão assessor de música para a Unesco, é coordenadora pedagógica do projeto e autora das apostilas do Programa e-Som.


Ela explica que a proposta é trabalhar a conscientização da criança em relação à música. Queremos expandir o universo musical do aluno, que muitas vezes se limita ao que é oferecido pelas mídias. O adolescente tem um conceito formado sobre música, geralmente associado com a forma de se vestir e o senso de inclusão em um grupo com determinada ideologia .


O programa pretende estimular a apreciação, execução e composição musical. Queremos trabalhar em primeiro lugar a conscientização do que o aluno ouve, estimular a reflexão pelo motivo da preferência, demonstrar a função da música na vida dele e na sociedade e, aos poucos, introduzir um novo universo musical, apresentando diversos gêneros e músicas de outras culturas , diz Liane.


Aprendizado analógico Maria Tereza Alencar, professora doutora da faculdade de música da Escola de Comunicação e Artes (Eca-Usp), acredita que o método pode ser um ponto de partida ao desenvolvimento musical. Porém, defende que o ensino não pode ser totalmente informatizado.


Temos que pensar nisso como um material que caminhe junto, o ideal é integrar as coisas. O contato com instrumentos musicais provoca encantamento. As pessoas ainda querem fazer música, não podemos perder isso.

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