por Andressa Rovani
Instituto Claro
Inspirado no movimento do software livre e com a intenção de utilizar todo o potencial informacional e colaborativo da internet, surgiu em 2007 um movimento que defende a produção de recursos educacionais abertos (REA). No Brasil, a iniciativa ganhou forma no ano seguinte e de lá para cá tem se reproduzido em diversos formatos.
Os conteúdos disponibilizados na web vão de planos de aulas a tutoriais de experimentos científicos, e até mesmo estratégias pedagógicas usadas em outros Estados ou países ficam à disposição de docentes em diversos sites brasileiros e estrangeiros. “É um material produzido e utilizado para educação, publicado na internet, com formato e licença livres, e que permite reutilização”, reforça Bianca Santana, coordenadora do projeto REA-Brasil, o qual integra o portfólio de ações da comunidade REA.
Uma dessas iniciativas brasileiras surgiu quase por acaso, no Paraná. Ao desenvolver um programa de educação continuada para professores da rede pública e incentivar pesquisas sobre metodologias de ensino, o governo local recebeu como resposta um repertório didático inestimável: a produção de "papers" onde os professores revelam como ensinam seus alunos, a forma como inserem a cultura local no contexto da aprendizagem e como eles personalizam seu ato de educar. O programa deu origem ao site Livro Didático Público, que reúne esse vasto material oriundo da produção dos docentes.
Outro exemplo, também de iniciativa governamental, é o Banco Internacional de Objetos Educacionais, criado em 2008 pelo Ministério da Educação. O repositório possui mais de 11 mil objetos, entre vídeos, áudios, textos, apresentações e programas. “A ideia é organizar dentro de uma estrutura curricular o conteúdo disponível em todas as áreas do conhecimento”, diz Carmem Lúcia Prata, coordenadora do banco.
Uma das vantagens do banco, que é abastecido com materiais de acesso público do mundo todo, é o fato de que equipes formadas por estudantes de licenciatura avaliam o material coletado para evitar erros graves e o disponibilizam de forma organizada. “Isso economiza tempo do professor porque ele não precisa avaliar se o conteúdo está certo ou errado”, diz Carmem. Hoje, só docentes podem ceder material, mas a instituição trabalha para que, em breve, qualquer pessoa possa contribuir com recursos educativos
Uma dessas iniciativas brasileiras surgiu quase por acaso, no Paraná. Ao desenvolver um programa de educação continuada para professores da rede pública e incentivar pesquisas sobre metodologias de ensino, o governo local recebeu como resposta um repertório didático inestimável: a produção de "papers" onde os professores revelam como ensinam seus alunos, a forma como inserem a cultura local no contexto da aprendizagem e como eles personalizam seu ato de educar. O programa deu origem ao site Livro Didático Público, que reúne esse vasto material oriundo da produção dos docentes.
Outro exemplo, também de iniciativa governamental, é o Banco Internacional de Objetos Educacionais, criado em 2008 pelo Ministério da Educação. O repositório possui mais de 11 mil objetos, entre vídeos, áudios, textos, apresentações e programas. “A ideia é organizar dentro de uma estrutura curricular o conteúdo disponível em todas as áreas do conhecimento”, diz Carmem Lúcia Prata, coordenadora do banco.
Uma das vantagens do banco, que é abastecido com materiais de acesso público do mundo todo, é o fato de que equipes formadas por estudantes de licenciatura avaliam o material coletado para evitar erros graves e o disponibilizam de forma organizada. “Isso economiza tempo do professor porque ele não precisa avaliar se o conteúdo está certo ou errado”, diz Carmem. Hoje, só docentes podem ceder material, mas a instituição trabalha para que, em breve, qualquer pessoa possa contribuir com recursos educativos
Para estimular o compartilhamento de informações entre educadores, o MEC criou o Portal do Professor, onde é possível publicar planos de aula e comentar as estratégias pedagógicas utilizadas por profissionais do país todo. O site tem hoje cerca de 180 mil educadores inscritos e 10 mil sugestões de aula do Brasil inteiro. “Esperamos que o professor possa gerar conteúdo, mas nosso maior interesse é que ele construa novas estratégias de ensino”, afirma Carmem.
No Portal do Professor ou no Banco Internacional, porém, nem todos os arquivos à disposição do visitante são arquivos-fonte, ou seja, somente parte deles pode sofrer modificações quando salvos no computador. Esse empecilho esbarra, segundo Bianca Santana, em um dos princípios dos recursos abertos, que determina que o conteúdo possa ser alterado de acordo com o interesse de quem faz uso dele. Um plano de aula, por exemplo, deve permitir obras derivadas: é preciso que outro professor possa alterar o conteúdo e adaptá-lo a sua realidade. “O remix [reúso] é essencial porque consegue preservar a autoria de cada um permitindo a autonomia do professor para que ele use o material como quiser”, explica.
Professor como autor
A ideia é que, aos poucos, o educador que busca os recursos abertos para enriquecer suas aulas também se torne um autor, assim como desejava Paulo Freire. “É um processo longo, não é só o conhecimento da tecnologia, mas uma mudança na prática educativa”, afirma Carmem.
Agora, em vez de seguir à risca o livro, o professor começa, aos poucos, a ser peça colaborativa na elaboração de materiais didáticos. Um caso nos Estados Unidos é inspirador: a editora Flat World Knowlege produz – e vende – livros didáticos. Em seu site, contudo, qualquer pessoa pode ler os livros produzidos por ela, de graça. Ao se deparar com o conteúdo, é possível definir a sequência de capítulos, que exercícios devem fazer parte do livro ou mesmo incluir outras anotações para seus alunos. A empresa lucra ao imprimir as obras da forma como o professor o escolheu. E as alterações sugeridas seguem para os autores, para que eles julguem se o que o professor mudou deve fazer parte de todas as edições, tornando-o coautor da publicação.
No Portal do Professor ou no Banco Internacional, porém, nem todos os arquivos à disposição do visitante são arquivos-fonte, ou seja, somente parte deles pode sofrer modificações quando salvos no computador. Esse empecilho esbarra, segundo Bianca Santana, em um dos princípios dos recursos abertos, que determina que o conteúdo possa ser alterado de acordo com o interesse de quem faz uso dele. Um plano de aula, por exemplo, deve permitir obras derivadas: é preciso que outro professor possa alterar o conteúdo e adaptá-lo a sua realidade. “O remix [reúso] é essencial porque consegue preservar a autoria de cada um permitindo a autonomia do professor para que ele use o material como quiser”, explica.
Professor como autor
A ideia é que, aos poucos, o educador que busca os recursos abertos para enriquecer suas aulas também se torne um autor, assim como desejava Paulo Freire. “É um processo longo, não é só o conhecimento da tecnologia, mas uma mudança na prática educativa”, afirma Carmem.
Agora, em vez de seguir à risca o livro, o professor começa, aos poucos, a ser peça colaborativa na elaboração de materiais didáticos. Um caso nos Estados Unidos é inspirador: a editora Flat World Knowlege produz – e vende – livros didáticos. Em seu site, contudo, qualquer pessoa pode ler os livros produzidos por ela, de graça. Ao se deparar com o conteúdo, é possível definir a sequência de capítulos, que exercícios devem fazer parte do livro ou mesmo incluir outras anotações para seus alunos. A empresa lucra ao imprimir as obras da forma como o professor o escolheu. E as alterações sugeridas seguem para os autores, para que eles julguem se o que o professor mudou deve fazer parte de todas as edições, tornando-o coautor da publicação.
Cuidados antes de colocar conteúdo na rede
O conteúdo aberto e a licença livre são características dos recursos educacionais abertos, mas isso não significa que quem os produziu não possua direitos sobre o material. Existem licenças flexíveis que permitem – ao contrário do copyright – que nem todos os diretos estejam reservados ao autor.
Essa licença pode ser feita no site brasileiro da Creative Commons. Bastante didático, o portal informa como fazer e permite que a licença seja construída na hora, de acordo com os interesses do autor. Essa etapa é importante porque, pela lei brasileira do direto autoral, se não está claro que o material é um conteúdo aberto e livre, ele não pode ser usado, mesmo para fins educacionais e não comerciais.
Ao publicar material aberto na rede, é possível, por exemplo, restringir a comercialização do objeto ou exigir que o nome do autor seja citado, entre outras opções. “Isso dá mais poder ao educador, que define o que pode e o que não pode fazer com o material dele”, explica Bianca. “No ambiente colaborativo, as pessoas reconhecem a autoria e produzam em cima do que foi criado, pensando que é algo importante para o coletivo.”
Essa licença pode ser feita no site brasileiro da Creative Commons. Bastante didático, o portal informa como fazer e permite que a licença seja construída na hora, de acordo com os interesses do autor. Essa etapa é importante porque, pela lei brasileira do direto autoral, se não está claro que o material é um conteúdo aberto e livre, ele não pode ser usado, mesmo para fins educacionais e não comerciais.
Ao publicar material aberto na rede, é possível, por exemplo, restringir a comercialização do objeto ou exigir que o nome do autor seja citado, entre outras opções. “Isso dá mais poder ao educador, que define o que pode e o que não pode fazer com o material dele”, explica Bianca. “No ambiente colaborativo, as pessoas reconhecem a autoria e produzam em cima do que foi criado, pensando que é algo importante para o coletivo.”
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